Muitos professores, em algum ponto de sua carreira, decidem dar aulas particulares. A mudança de cenário traz consigo um contexto de aprendizagem peculiar e deliciosamente desafiador, com possibilidades múltiplas. O ensino personalizado exige que o professor desenvolva seu próprio material, suas abordagens e estratégias, além do domínio de noções administrativas.
É cada vez mais comum encontrar professores que optam pela carreira solo por diversos motivos – sejam eles financeiros ou por satisfação pessoal/ profissional –, porém na maioria das vezes, eles têm que lidar com o aspecto solitário da carreira, que deixa de lado as discussões frutíferas da sala dos professores e as trocas de experiências com seus pares.
Alinhando expectativas
A aula particular – individual ou em pequenos grupos – é uma combinação das expectativas do professor e do aluno. O alinhamento dessas expectativas se dá nos motivos que o aluno busca para aprender o idioma. Como bons profissionais, devemos estar sempre atentos a essas expectativas e a melhor forma de entender o que os alunos que optam pelo ensino personalizado querem é aplicar um questionário em que se avaliam as suas necessidades – também conhecido como Needs Analysis no ensino de inglês. A partir da interpretação desse questionário, delimita-se o plano de estudos, a metodologia e os materiais que serão utilizados.
A possibilidade de revisitar o plano de estudos sempre que necessário é um dos grandes diferenciais desse modelo de aulas. Ao perceber que o aluno precisa focar mais em uma área do que em outra, o professor pode aperfeiçoar as estratégias de aprendizagem que atenderão às expectativas e às reais necessidades do aluno.
Os papeis do professor
O professor que se propõe a dar aulas particulares (em especial as individuais), acaba assumindo diferentes papeis no processo, que vão desde parceiro de conversação, passando por observador, mentor e, por fim, gestor.
Ao assumir o papel de parceiro de conversação, por exemplo, o professor deve alinhar seu conhecimento àquele do aluno, além de participar ativamente de uma atividade e oferecer oportunidades de aprendizagem ao aluno. O professor-observador presta atenção no desenvolvimento do aluno e usa esses dados para aprimorar ou ajustar o planejamento das aulas. No papel de mentor, o professor guia o aluno em direção à autonomia e escolhe materiais que contribuirão para o seu crescimento acadêmico. Por fim, o professor-gestor. Ocupar essa posição significa assumir múltiplos papeis que englobam conhecimentos de marketing, administração, contabilidade, advocacia e negociação – o que diz respeito à gestão administrativa do negócio. Igualmente importante é a gestão do conhecimento.
Finalmente, o professor empreendedor
O professor-gestor é um tema que me interessa muito. Antes de me aventurar no mundo do empreendedorismo, tinha certeza de que não era pra mim. Eu sempre fui professora e não daria conta de gerir meu próprio negócio, pensava. As circunstâncias da vida me fizeram mudar de opinião. A cada aluno particular que conquistava, via ali uma oportunidade de testar novos materiais, novas metodologias e, acima de tudo, minha capacidade de administrar todos os elementos que vinham junto com a responsabilidade: escolher (ou preparar) o material, definir o calendário de aulas, montar o plano de estudos, redigir o contrato e, claro, administrar os pagamentos. Com o tempo, vi que era possível. Decidi, então, fazer cursos para aprofundar meus conhecimentos sobre o assunto, me juntei a grupos de discussão, desenvolvi minha marca e, quando me dei conta, já estava pronta para voar solo!
Foi incrível me dar conta de que eu tinha muito mais conhecimento e capacidade dentro de mim do que imaginava! Hoje me sinto confiante para passar esse conhecimento e minha experiência adiante, como forma de empoderar meus colegas de profissão e contribuir ativamente para a comunidade de professores de línguas.
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